"Se a Reaganomics, o Thatcherismo e os Chicago boys, defensores do livre mercado, tivessem dirigido a política econômica norte-americana no final do século XIX, os EUA não teriam alcançado sua dominância industrial. Por isso, não surpreende que a lógica protecionista e de investimento público que guiou a industrialização norte-americana tenha sido apagada da história do país. Ela não tem nenhum papel na narrativa falsa sustentada por Donald Trump para promover a abolição de impostos progressivos, o encolhimento do Estado e a venda de ativos públicos.
O que Trump escolhe admirar na política industrial norte-americana do século XIX é a ausência de imposto de renda progressivo e o financiamento do governo principalmente por receitas tarifárias. Isso lhe deu a ideia de substituir a tributação progressiva da renda, que incide sobre sua própria class – o 1% que não pagava imposto de renda antes que este fosse instituído, em 1913 – por tarifas projetadas para recair apenas sobre os consumidores (ou seja, os trabalhadores). Uma nova Era Dourada, de fato!"
@Austra lo Piteco
Austra lo Piteco
in reply to Austra lo Piteco • •Que aula do Michael Hudson, como um império cai sob o peso de sua classe parasitária:
"Os impostos sobre lucros industriais e salários aumentavam os custos de produção e deviam ser evitados. Em contrapartida, a renta da terra, as rentas monopolistas e os ganhos financeiros deveriam ser tributados ou mesmo ter suas fontes (terra, monopólios e crédito) nacionalizadas para reduzir custos de acesso a imóveis e serviços monopolizados, e diminuir encargos financeiros. Estas políticas, baseadas na distinção clássica entre valor de custo intrínseco e preço de mercado, foram o que tornou o capitalismo industrial tão revolucionário. Libertar as economias da renta através da taxação visava minimizar o custo da vida e dos negócios, além de reduzir o domínio político de uma elite financeira e latifundiária.
Quando os EUA instituíram seu primeiro imposto de renda progressivo em 1913, apenas 2% dos norte-
... Show more...Que aula do Michael Hudson, como um império cai sob o peso de sua classe parasitária:
"Os impostos sobre lucros industriais e salários aumentavam os custos de produção e deviam ser evitados. Em contrapartida, a renta da terra, as rentas monopolistas e os ganhos financeiros deveriam ser tributados ou mesmo ter suas fontes (terra, monopólios e crédito) nacionalizadas para reduzir custos de acesso a imóveis e serviços monopolizados, e diminuir encargos financeiros. Estas políticas, baseadas na distinção clássica entre valor de custo intrínseco e preço de mercado, foram o que tornou o capitalismo industrial tão revolucionário. Libertar as economias da renta através da taxação visava minimizar o custo da vida e dos negócios, além de reduzir o domínio político de uma elite financeira e latifundiária.
Quando os EUA instituíram seu primeiro imposto de renda progressivo em 1913, apenas 2% dos norte-americanos tinham renda suficiente para declará-la ao fisco. A grande fatia da tributação de 1913 recaía sobre a renta sobe interesses financeiros e imobiliários, e sobre as rentas monopolistas extraídas pelos trustes organizados pelo sistema bancário.
Desde o início do período neoliberal nos anos 1980, a renda disponível dos trabalhadores norte-americanos foi comprimida pelos altos custos das necessidades básicas. Ao mesmo tempo, seu custo de vida os tornou não competitivos nos mercados globais. Isso não equivale a uma Economia de Altos Salários, mas a um desvio de boa parte dos salários para pagar as várias formas de renta econômica que proliferaram e destruíram a antiga estrutura.
A renda média atual dos EUA, de U$ 175.000 para uma família de quatro pessoas, já não é gasta principalmente em produtos ou serviços que os assalariados produzem. É em grande parte drenada pelo setor de finanças, seguros e imóveis (FIRE) e pelos monopólios no topo da pirâmide econômica.
O endividamento do setor privado é em grande parte responsável pelo desvio dos salários – que já não asseguram a melhora do padrão de vida dos trabalhadores. Também desencaminha os lucros corporativos, impedindo que seja transformado em investimento em capital tangível, pesquisa e desenvolvimento para empresas industriais."
outraspalavras.net/direita-ass…
Austra lo Piteco
in reply to Austra lo Piteco • •Na aula de hoje aprendemos que sem o neoliberal fofo metido a progressista (Obama), não haveria o fascista (Trump/Musk).
Austeridade pavimenta o caminho para o fascismo (leia Clara Mattei).
"O percentual de norte-americanos que possuem imóveis caiu de mais 69% em 2005 para menos de 63%, na onda de despejos e execuções hipotecárias durante o governo Obama, após a crise das hipotecas podres de 2008.
Os aluguéis e preços de imóveis dispararam continuamente (especialmente durante o período em que o Banco Central [Federal Reserve] manteve juros baixos deliberadamente, para inflacionar os preços dos ativos e sustentar o setor financeiro, enquanto o capital privado comprava casas que assalariados não podiam pagar), tornando a habitação de longe o maior ônus sobre a renda dos assalariados. Os atrasos no pagamento também explodem nos empréstimos estudantis contraídos para qualificação profissional, e em muitos casos nas dívidas
... Show more...Na aula de hoje aprendemos que sem o neoliberal fofo metido a progressista (Obama), não haveria o fascista (Trump/Musk).
Austeridade pavimenta o caminho para o fascismo (leia Clara Mattei).
"O percentual de norte-americanos que possuem imóveis caiu de mais 69% em 2005 para menos de 63%, na onda de despejos e execuções hipotecárias durante o governo Obama, após a crise das hipotecas podres de 2008.
Os aluguéis e preços de imóveis dispararam continuamente (especialmente durante o período em que o Banco Central [Federal Reserve] manteve juros baixos deliberadamente, para inflacionar os preços dos ativos e sustentar o setor financeiro, enquanto o capital privado comprava casas que assalariados não podiam pagar), tornando a habitação de longe o maior ônus sobre a renda dos assalariados. Os atrasos no pagamento também explodem nos empréstimos estudantis contraídos para qualificação profissional, e em muitos casos nas dívidas para compra de automóveis necessários para o deslocamento ao trabalho. Isso é coroado por dívidas de cartão de crédito que se acumulam apenas para fechar as contas no fim do mês. O desastre do seguro saúde privatizado agora absorve 18% do PIB norte-americano, e ainda assim as dívidas médicas tornaram-se uma das principais causas de falência pessoal. Tudo isso é exatamente o oposto do que se pretendia com a política original da Economia de Altos Salários para a indústria americana.
Esta financeirização neoliberal — a proliferação de ônus rentistas, a inflação dos custos habitacionais e de saúde, e a necessidade de viver a crédito além do que se ganha – tem dois efeitos. O mais óbvio é que a maioria das famílias norte-americanas não consegue aumentar suas poupanças desde 2008, vivendo de salário em salário. O segundo efeito é que, com os empregadores obrigados a pagar o suficiente para cobrir esses custos rentistas, o salário mínimo vital americano elevou-se tanto acima de todas as outras economias que a indústria americana não tem como competir com outros países.
A privatização e a desregulamentação da economia norte-americana obrigou empregadores e trabalhadores a arcar com custos rentistas, incluindo preços imobiliários mais altos e crescente endividamento, que são parte integrante das políticas neoliberais atuais. A consequente perda de competitividade industrial é o principal obstáculo à sua reindustrialização. Afinal, foram esses encargos rentistas, antes de tudo, que desindustrializaram a economia, tornando-a menos competitiva nos mercados globais e estimulando a relocalização industrial ao elevar o custo das necessidades básicas e dos negócios. Pagar tais encargos também reduz o mercado interno, ao diminuir a capacidade dos trabalhadores de comprar o que produzem."
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