Pedro Fassoni Arruda
Sobre Joe Biden, Donald Trump e a guerra na Ucrânia:
1. O apoio que Joe Biden e seus aliados europeus deram ao regime de Zelensky na Ucrânia nunca teve qualquer relação com direitos humanos, defesa da soberania nacional, integridade territorial ou princípio da autodeterminação dos povos.
2. A guerra, de fato, sempre foi da OTAN contra a Rússia, com a Ucrânia atuando como bucha de canhão. Isso tem um nome: guerra por procuração. O objetivo sempre foi evitar um confronto direto, utilizando a Ucrânia como escudo e base de lançamento dos armamentos da OTAN contra a Rússia, visando isolar e exaurir economicamente o regime de Vladimir Putin. Outro objetivo foi testar a capacidade de defesa russa, tentando enfraquecer seu exército (forçando pesadas baixas no campo de batalha e exaurindo o seu arsenal numa guerra que não envolve diretamente soldados da OTAN).
3. O resultado, depois de três anos de conflito, não poderia ser pior para o povo ucraniano: mais de seis milhões de ucranianos deslocados para a Europa, além de 3 milhões deslocados internamente, sem falar do número de mortos. Líderes dos EUA, Grã Bretanha, França, Alemanha e outros países empurraram Zelensky e seu povo para o matadouro, fazendo-o acreditar que ele poderia vencer uma guerra contra um inimigo tão poderoso. Quanto mais ucranianos morriam e continuam morrendo, mais armamentos eles recebem para prosseguir numa guerra que já foi perdida há muito tempo. Será impossível vencer a Rússia no terreno da guerra.
4. Zelensky é um fascista que tem o apoio dos neonazistas ucranianos. Muito antes de iniciar o conflito, seu exército já massacrava os russos que viviam em território ucraniano, sobretudo nas regiões onde eles são maioria, como na Criméia e no Donbass. Vladimir Putin também é um líder autoritário, é extremamente conservador e governa o país com pulso firme e mão de ferro. Se eu fosse russo, seria oposição ao seu governo e provavelmente estaria na cadeia por ser comunista e defender os direitos da comunidade LGBT... mas no caso da região do Donbass, o presidente russo não está fazendo nada além de defender o seu povo dos massacres ucranianos.
5. A eleição de Donald Trump, como eu já falei em outro post, foi um verdadeiro plot twist na questão ucraniana. Mas devemos evitar uma análise maniqueísta da situação, como fazem alguns setores da própria esquerda, que antes exaltavam a política de Joe Biden e agora repudiam Donald Trump: ambos, e cada um à sua maneira, defendem interesses escusos na região. Biden entendia que o maior inimigo dos EUA era a Rússia, e conseguiu transformar Zelensky num fantoche que aceitou representar esse papel. Trump, por outro lado, entende que o maior inimigo dos EUA é a China, e busca uma apoximação com Putin para criar uma cisma entre as duas potências. Ou seja, Trump evita a todo custo que a Rússia caia no colo da China, explorando pontos sensíveis na relação entre esses dois países.
6. A Ucrânia corre um sério risco de balcanização e desaparecimento enquanto país soberano (supondo que ainda o seja). Joe Biden forneceu armamentos e iria cobrar a fatura, na forma de "parcerias comerciais" com o governo de Zelensky (fornecimento de petróleo, gás e outras riquezas naturais). Donald Trump, sem a menor desfaçatez, já anuncia o valor - meio trilhão de dólares - e porções do território ucraniano.
7. Não vou nem entrar no mérito da questão, mas uma coisa é certa: foi a estratégia de Trump a que teve melhor recepção junto ao eleitorado estadunidense. A guerra era e ainda é bastante impopular nos EUA, a opinião pública questiona com frequência o custo dessa "ajuda" de bilhões de dólares enquanto faltam recuros para outros setores da economia doméstica. Ao anunciar o corte da ajuda para a Ucrânia, Trump ganhou grande parte do eleitorado e isso foi um dos fatores que explicam a sua vitória em novembro do ano passado. Joe Biden nunca apresentou argumentos convincentes para o envolvimento dos EUA naquele conflito.
8. Não existe saída militar para esse conflito. Ou as partes aceitam negociar, ou o povo ucraniano continuará sofrendo nas mãos do chamado "Ocidente".