ORUAM E A MONARQUIA ANARCO-CAPITALISTA
Imagine viver num lugar onde as regulamentações econômicas do Estado não se aplicam, é exatamente onde nós vivemos. De primeira mão me parece ser ruim sair da favela, isso acontece porque fora dela as coisas são mais caras e existem cobranças por recursos que eu acredito que não deveria pagar. Energia e água é um exemplo de que nós sempre conseguimos as coisas por conta própria, o Estado não fornece nada a comunidade e as obras são feitas pelo cirme organizado ou por uma associação de moradores que existe de forma separada do governo.
A ausência de interferência do Estado soa melhor ainda quando a única interferência do mesmo se resulta em mortes desnecessárias, demolição de moradias e comércios.
Em meio a guerra e fome, as facções oferecem garantias de proteção em troca de dinheiro e/ou apoio moral dos moradores, a tirania por parte delas é controlada pois seus soldados são constituídos por moradores da própria favela, mas ainda sim há tirania. No momento em que o crime organizado percebe que pode cobrar taxas, ele o faz, e isso ta acontecendo justamente agora, na era dos príncipes.
Aquele que nasce sendo o filho de um grande chefe do tráfico ou da comunidade, recebe tudo de bom e do melhor desde cedo, o que é esperado afinal ele é filho de um lumpem-burgues. Com a geração de influencers, atribuir um vulgo a esses filhos de chefe de facção seria o inevitável. São conhecidos por "chefinhos"
Os filhos dos chefes são tratados como verdadeiros príncipes da comunidade. Mesmo nascendo na riqueza eles fazem a juventude acreditar que ele é uma referência de sofrimento e superação, como o Oruam por exemplo.
Assim como qualquer qualquer influencer periférico, essa rapazeada aparece dançando em edits de funk enquanto ostentam dinheiro, moto e ouro. A questão é que esses influencers herdeiros do tráfico estão monopolizando a "criação de conteúdo" pras favelas porque eles são sim favelados, mas são playboys ricos, e isso vai nos levar a um futuro ainda mais obscuro. O capitalismo cria tanto mecanismos que fortalecem o Sistema quanto mecanismos que destroem o Sistema, essa aristocracia lumpen é consequência de um Brasil há muito tempo degradado pelo desuso e abuso brutais das elites, que nunca tiveram compromisso nacional, muito menos com os mais pobres e detestados.
A influência de um cara como Oruam sobre a periferia pode não ser sempre bem vista, mas muito menos é entendida pela Esquerda revolucionária que já se afastou muito da periferia. A periferia criou uma elite fortalecida nas próprias contradições que o Estado da violência e do abandono causou ali, o individualismo e o consumismo são a alternativa sendo abraçada pelo pobre quando não é igreja que tá no controle. Uma sociedade indisciplinada governada por líderes indisciplinados, o futuro é sim obscuro, mas podemos fazer luz além disso, a juventude é muito influenciável. Esse liberalismo, reacionarismo, ancapismo, neofascismo, nada disso é o verdadeiro desejo da comunidade, mas o esquerdismo (ao invés do socialismo adequado) não teve alcance nem bom impacto e perdeu a vez com as milhões de pessoas em em periferias urbanas rendidas ao consumo cultural ditado pelo Sistema, mas ainda assim expressando tendências ora de revolta coletivista e ora de revolta aristocrática (no caso da favela média que conheço: pela guerra, pela igreja, pela música etc).
O que precisamos fazer é ir nas raízes do que divide os poderes entre povo e Sistema, entre influenciador e influenciado, entre militância e massa, e se a Esquerda não mudar radicalmente suas visões e abordagens sobre cultura, militarismo, nação, raça, crime, campo, economia (em qualquer escala) e tecnologia, vamos estar fadados a esse futuro onde o aceleracionismo, as lumpenmonarquias, o fundamentalismo religioso e a devoção a mercadoria vão ser a estrutura predominante da sociedade. A distopia cyberpunk já derrubou a porta da nossa realidade, quanto tempo mais vamos desperdiçar com os mesmos erros que Lenin e Mao nos disseram pra eliminar?
via Caveira Vermelha
@austra_lopiteco
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Altbot
in reply to Austra lo Piteco • • •A imagem é dividida em duas partes. Na parte esquerda, há uma pessoa usando um boné preto com uma "NY" branca, uma camiseta preta com a palavra "LEC" em branco, e várias pulseiras e colares dourados. A pessoa está segurando um anel grande com a mão direita e tem um sorriso. O texto "Poderoso Chefinho" está escrito em branco sobre a imagem.
Na parte direita, há outra pessoa com tranças longas e um colar dourado com pingentes. Ela está em frente a um fundo com luzes vermelhas e parece estar falando, com um microfone próximo à boca. O texto "Oruam" está escrito em branco sobre a imagem.
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