Parece um livrão!
"Em África Vermelha, Kevin Ochieng Okoth vasculha as ruínas dessa experiência em busca de alternativas teóricas e organizativas para construir o futuro. Em um primeiro momento, é apresentado um panorama do deslocamento neoliberal da crítica ao colonialismo. As teorizações da decolonialidade, do afropessimismo e de certo pensamento negro produzidas nas instituições do Atlântico Norte são analisadas em seu pano de fundo comum: o antiuniversalismo, as dificuldades em tecer laços de solidariedade, a identitarização romântica dos subalternizados e a transformação da ação política no ato de “retirar-se” do combate em detrimento da organização programática e coletiva. Ao secundarizar a crítica da economia política, o novo campo da descolonização priorizou as questões do “saber” e da moral. Os vínculos entre soberania e liberdade saem de cena para dar lugar às disputas por museus, postos acadêmicos, bolsas de pesquisa e fontes de financiamento — de preferência, nas metrópoles imperiais.
Para enfrentar o rebaixamento teórico e estratégico, Kevin resgata a tradição socialista e comunista da libertação nacional africana. Amílcar Cabral, Andrée Blouin, Mario Pinto de Andrade, Maryse Condé, Eduadro Mondlane e outros formam um legado afromarxista que nos ajuda a lidar com os becos sem saída contemporâneos, em especial quando a crítica anticolonial é reduzida a reflexões solipsistas, atrativas a um mercado editorial mais preocupado com os lucros da “pedagogia branca” do que com a destruição dos fundamentos racistas do capitalismo. Num momento em que o antirracismo se encontra em uma encruzilhada entre sua acomodação liberal e a perseguição aberta do fascismo, o passado-presente da África Vermelha ilumina os reais sentidos da política revolucionária negra — e por que ela ainda é e deve ser temida pelo imperialimo"
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